Uma história - real - de Natal - Parte II

Num primeiro momento pensei (com minha falta de confiança em mim) que eu tivesse perdido a bolsa...mas hoje sei que fui roubada. A gente é preconceituoso. Nunca espera que um inglês bonitinho, loirinho e de olhos azuis possa te roubar. Estava desesperada. Não sabia quais eram as consequências de perder o passaporte na Inglaterra. Poderíam os rígidos ingleses me prender por completa imprudência de deixar uns segundos minha bolsa a deriva?
Cheguei na delegacia do aeroporto, descrevi o ocorrido e a policial riu de mim. Procurando acalmar-me disse que ela mesma já havia sido roubada num momento de descuido. Que ironia! Me senti mais aliviada. Diferentemente da minha cidade, em que te apontam uma arma pra que você entregue sua bolsa, aqui o lema é: bobeou, dançou.
Com o B.O. na mão, comecei a caminhar pelo aeroporto pra procurar minha bolsa uma vez mais. Fui mil vezes perguntar pros seguranças, fui no balcão de informações, no achados e perdidos, na loja do ônibus, não-sei-mais-onde, e até procurei nas latas de lixo. Nada.
Enquanto caminhava tristemente observava as pessoas. Elas estavam felizes, chegando de viagem, reencontrando pessoas queridas, outras tinham o olhar curioso, esperando alguém...todos sorriam, corriam para abraçar-se e matar a saudade. Eu, caminhava e chorava. Comecei a pensar que muitas famílias no mundo estavam reunindo-se pra se divertir, compartilhando momentos e tradições, comendo, conversando, rindo, trocando presentes, amor e esperanças. E eu, aqui do outro lado do oceano, longe da minha família, tinha uma grande sensação de perda.
Já era noite. Horas depois do incidente e depois de tanto perambular decidi ir pro albergue. Minha prima já tinha ido pra lá e deveria estar preocupada.
Foi então que me dei conta que nem tudo estava perdido. Eu tinha minha prima comigo e com isso a esperança de ainda realizar nosso sonho.